” Filha, lembras-te do tempo em que eu passava tardes e tardes costurando?
– Lembro-me, mãe. Éramos tanto filhos, tantas roupas…
– A maior parte das vezes eu só fingia que costurava.
– Fingia? Fingia para quê?
– Os homens não gostam que as mulheres pensem em silêncio. Ficam desconfiados…
– Assim, enquanto eu costurava, o seu pai não suspeitava que eu pensava…Os meus pensamentos viajavam por todo o lado…Nesses escassos momentos, eu, Constança, era mulher sem ter que pedir licença, existindo sem ter que pedir perdão.”
Mia Couto, in 𝘖 𝘰𝘶𝘵𝘳𝘰 𝘱é 𝘥𝘢 𝘴𝘦𝘳𝘦𝘪𝘢
Sobre absurdos que até hoje temos que refletir para que não voltam a ser realidade….