A tua juventude é um quadrado branco
desenhado no sol.As sílabas de água
fazem-te justiça.Ainda é possível ser lúcido,liso, perfumado,
ter a pele do poema como casa.Há em ti
coisas que não espero:um lince silencioso,
a luz da seiva, uma lâmina,
um peixe.Volto a tua imagem para mim.És real. Existes
no equilíbrio das estações,
na textura da seda lisa pelas minhas mãos.Não há pétalas onde pisas.Há perguntas.O meu nome transborda dos teus lábios,
boca respirando o instinto das abelhas.Esta alegria é um momento de escriba,
tem a paz das ardósias,das aldeias, do húmus e do ouro.
Nela entraste como relâmpago, como ave,E empurras a minha vida para o sol
com a tua juventude.
Joaquim Pessoa