CREPÚSCULO
Suavemente chega o crepúsculo
com os seus cambiantes serenos
e reflexos fugazes
como etéreas folhas em queda
das árvores outonais
Arauto da noite próxima
prenúncio das horas leves
dos silêncios confortantes
e das solidões incógnitas
Refrescantes sombras crescentes
espalham-se sobre o cansaço
dos momentos já esgotados
na azáfama do dia
como um manto protector
de oblívios perdões
Efémera presença a tua
de brandos momentos tingidos
com tonalidades difusas
transitórios pedaços em mescla
de um bulício angustiado
e de um sossego ansiado
Cai a noite repousante
com os seus véus de mistério
encerrando a magia tépida
do crepúsculo passageiro
João Carlos Esteves, in “Gotas de Silêncio”, página 35, edições Temas Originais, 2011.